Portugal foi assim o maior esclavagista do Oceano Atlântico. Sendo o menor em tamanho, não apenas inventou o tráfico negreiro Europa-África-América, como assegurou sozinho quase metade (47 por cento), enquanto as outras potências europeias, Espanha, França, Inglaterra e Holanda, dividiram o resto. Ao todo, o Império Português tirou 5,8 milhões de pessoas de África para usar como escravas, a grande maioria, talvez quatro milhões, destinadas ao Brasil. Com elas fez a exploração intensiva de pau-brasil, cana-de-açúcar, tabaco, minério, café, e sobre muitas exerceu toda a espécie de violência, ao longo de trezentos anos.
Alexandra Lucas Coelho, Deus-dará - sete dias na vida de São Sebastião do Rio de Janeiro, ou o Apocalipse segundo Luca, Judite, Zaca, Tristão, Inês, Gabriel & Noé (2022), Editorial Caminho