Entrevistas

Conversa com Lília Guerra, conduzida por Susan de Oliveira [transcrição feita por Ana Aires e Castro]


1. Lilia Guerra, muito obrigada, mais uma vez, por ter aceite esse convite para as nossas entrevistas. Bom, eu confesso que eu sei que tu tens três romances, não é? São três romances e contos… Mas assim, me chamou mais a atenção, os que eu tive mais contacto das suas produções são Rua do Larguinho e Perifobia. E Perifobia foi um título que me chamou a atenção, me inquietou… E assim, é interessante, ele trata de uma perspetiva acho que mais sociológica… do que propriamente o tema que é a literatura e aí tu trazes um conceito: “perifobia” e isso é muito intrigante, é muito forte esse título e penso que realmente a gente consegue encarar...trazer um ponto de vista, de certa forma, crítico também para a leitura. A gente consegue observar que tanto…, claro, são textos que nos emocionam, nos tocam, mexem com a gente, mas ao mesmo tempo, têm essa coisa mais conceitual, mais da racionalidade, que desafia um pouco, que é essa fobia da periferia que fica, também, pautando um pouco essa leitura. É um exercício te confesso, assim bastante profundo. De onde é que veio esse título, como é que tu chegaste nisso, para dizer que esse conjunto de contos se deveria chamar Perifobia

[+]

Conversa por escrito com Aline Kayapó, conduzida por Federica Lupati, no Dia Internacional da Mulher Indígena


1. Olá, Aline, em primeiro lugar, muito obrigada por teres aceite o meu convite para esta conversa para celebrarmos o Dia Internacional da Mulher Indígena. Como nasceu o projeto Wayrakuna? Quais os seus fundamentos filosóficos e os seus objetivos?[+]

Conversa com Dalva Maria Soares, conduzida por Susan de Oliveira [Transcrição feita por Ana Aires e Castro]


1. Dalva, boa tarde. É um prazer falar contigo sobre a tua carreira como escritora. Eu acompanhei, não é? A gente se conhece já há muito tempo e acompanhei que tu começaste a escrever muito… no Facebook. Eu vi muito das suas crónicas ali, do teu primeiro livro Para diminuir a febre de sentir, não é? Tu escrevendo ali junto… conversando com as pessoas, não é? Isso sempre me chamou muito a atenção, porque assim muita gente tem um ritmo de escrita e um ritual de escrita e escolhem para quem vão dar o texto para ser lido antes que ele… enfim, seja publicado, e tu basicamente fazias isso em público, não é? Fazias a tua escrita em público, ali ouvindo as pessoas e todo o mundo gostando sempre muito, não é? Era muito saboroso poder-te ler todos os dias como eu lia… E às vezes eu não lia num dia, mas eu procurava no outro e via também a receção das pessoas. Então assim, esse gosto por escrever em público, por partilhar com o público, isso de alguma forma te motivou a escrever ou isso te deu apenas o reconhecimento que tu… enfim, precisavas para poder… enfim, realmente começar a escrever oficialmente, digamos assim, não é?
 [+]

Conversa com Jamila Pereira, conduzida por Noemi Alfieri


1. Quem és e como te descreverias? Qual o teu percurso (de vida, artístico, intelectual)? 
Sou a Jamila Pereira, uma mulher Bissau-Guineense nos meus 30 e poucos anos, nascida e criada em Portugal. Embora tenha passado a minha adolescência em Portugal, foram os anos mais cruciais da minha vida que vivi no Reino Unido, onde me estabeleci como migrante. Sou a filha mais velha de uma família africana, irmã gémea, sobrevivente de abuso sexual, viajante que encontra conforto nas portas de embarque dos aeroportos, e uma entusiasta pela política. Depois de muitos anos a tentar entender pelo que valia a pena lutar na vida, com o apoio da minha terapeuta, redescobri um passatempo esquecido e embarquei numa jornada pouco comum para muitas mulheres negras migrantes como eu: tornei-me escritora.

[+]

Conversa com Freda Paranhos, conduzida por Noemi Alfieri


1. Quem és e como te descreverias? Qual o teu percurso (de vida, artístico, intelectual)?
- Meu nome é Freda Paranhos, sou uma travesti brasileira com 31 anos de idade que reside em Lisboa há cinco anos. Minha formação inicial é em Gastronomia e Hospitalidade, área na qual me dediquei por vários anos até perceber que meu potencial criativo transcende os limites de uma cozinha. Participei de dois reality shows gastronômicos no final da minha adolescência, sendo premiada no segundo com um curso de Chef de Cuisine e Restaurateur. Durante esse período, comecei um blog sobre gastronomia que também abordava reflexões sobre a interseção entre comida, sociedade e cultura, em uma época em que tais discussões eram escassas. Essa experiência me levou a escrever para jornais e portais, o que culminou em uma segunda graduação em Comunicação Social, buscando alinhar minhas expectativas e superar algumas frustrações.

[+]

Conversa com Vanessa Sanches, conduzida por Noemi Alfieri


1. Quem és e como te descreverias? Qual o teu percurso (de vida, artístico, intelectual)?
- Vanessa Sanches sou, sobretudo, uma mulher negra, de 39 anos, mãe e editora de conteúdos editoriais multiplataforma. Fiz o ensino secundário na vertente Humanidades - Comunicação Social/Jornalismo, onde percebi que, em criança, quando apontavam-me como uma futura jornalista (culpa da minha curiosidade infinita) não era apenas uma crítica, poderia ser realmente uma vocação. Nessa período estudantil, aprendi que a verdade é composta de várias perspetivas e experiências e que (quase) todas merecem visibilidade na mesma medida. Foi nesse período de três anos que percebi também que há sempre um caminho por descobrir e que o meu corpo e mente só não ocupariam um determinado espaço se eu assim não o quisesse. Empurrada pela visão da minha professora da disciplina de jornalismo, fui uma das poucas estudantes a conseguir um estágio no meio de comunicação social, o jornal regional O Correio da Linha.

[+]