- Bom, Susan, primeiro boa tarde e agradecer o convite, é um prazer voltar a falar com você. E é interessante porque eu comecei… Eu comecei, na real, eu comecei… Desde que eu entrei para o Facebook eu comecei a fazer pequenos posts com as tiradas do João Pedro, não é? O João Pedro tinha, sei lá, uns oito anos na época e ele sempre teve umas tiradas muito interessantes. E aí, eu comecei assim, não é? Falando das coisas ali que eu refletia com o João e sempre me referindo a ele como um menino e tal… E, quando eu voltei de Lisboa em 2014, para onde eu tinha ido fazer o meu estágio doutoral sandwich, não é? Que foi quando a gente se conheceu pessoalmente. Quando eu voltei e fui para Baldim, não é? Decidi ir para lá para não ter que montar casa de novo, porque foi meio nómada os meus últimos anos… Mestrado numa cidade, doutorado em outra e tal… E aí decidi ir para Baldim, ficar na casa da mamãe, o João ficaria perto da família paterna, enfim, fomos. E eu comecei a escrever mais sistematicamente lá, assim foi muito forte voltar a morar em Baldim depois de décadas longe, não é? E morar na casa da mamãe, a mamãe tinha falecido há pouco tempo, ainda tinha rosa no jardim que ela tinha plantado… Fazer comida nas panelas dela, sabe? Ainda tinha o cheirinho dos sachês de patchouli na cómoda ali, as coisas dela ainda estavam por ali, então aquilo me afetou muito, não é? E aí, quando eu não dava conta de escrever a escrita académica da tese, que tinha que ficar pronta, eu comecei a escrever esses textos, não é? Que… normalmente eram depois que eu fazia minha caminhada, não é? Então, eu fazia a minha caminhada diária ou pela manhã, antes do sol nascer, ou ao final do dia, quando o sol estava se pondo. E sempre levava a máquina fotográfica, tirava uma foto, não é? E eu lembro que eu estava dividindo a casa com o meu irmão Zézé e toda a vez que eu chegava da caminhada, ele perguntava “Deu foto hoje?”. E aí eu comecei a publicar esses textos no Facebook e começou a fazer um relativo sucesso ali na minha rede que ainda era nem mil amigos, era bem pequena, mas assim, de pessoas também de Baldim, não é? De contemporâneas minhas, de contemporâneas da minha mãe, de vizinhas, de pessoas com pouca educação formal, mas que batiam no meu portão e falavam “Nossa, eu gosto de tudo o que você escreve, eu leio tudo o que você escreve…”. E aquilo foi-me entusiasmando, não é? Gente que eu nem conhecia batia lá “Eu vim-te conhecer pessoalmente, porque eu leio os seus textos”. A outra falou “Ah, eu não tenho Facebook, entro no Facebook pelo Facebook da minha irmã para ler”, e aí eu fui-me entusiasmando, ótimo, não é? E foi isso assim, foi esse retorno, mas eu me recusava…Eu não me assumia, tinha muita dificuldade em me assumir escritora, porque é uma escrita intuitiva, eu não domino nada de técnicas, então assim, muita vírgula fora do lugar, muita palavra repetida… Era um exercício como diz a Délia, que eu amo tanto, para respirar melhor mesmo. Então assim, eram questões que estavam-me angustiando e como a Délia diz “Ao procurar palavras para narrar essa angústia, eu respirava melhor”. Eu lembro que em 2014, em Lisboa, eu busquei uma coragem, assim… Foi a primeira vez que eu assumi para uma pessoa, no caso foi o João Pedro, o meu filho, que o meu sonho era ser escritora, que eu tinha o sonho de ser escritora. E eu lembro que virou para mim e falou assim “Mãe, você acha que escrever sobre um menino é ser escritora? Escrever no Facebook sobre um menino não é ser escritora” e eu fiquei arrasada. Hoje ele fala que ele não falou isso comigo, que ele não foi cruel assim, mas ele foi. E eu tomei um susto, porque falei “Realmente, escrever sobre um menino não é ser escritora”. Então eu, eu falei “Está bom, então… Não sou escritora, sou uma dona de casa, uma mãe do povo, que escreve. E escreve, eu sou cronista de Facebook”. Então, o lugar de cronista de Facebook era um lugar que eu ficava confortável, porque aí eu podia continuar com a minha escrita intuitiva e ninguém ia me questionar, ninguém ia fazer críticas, porque não era literatura, não é? E assim, foi um período… Eu fiquei quatro anos em Baldim. Depois que eu defendi a tese, eu ainda fiquei dois anos lá e eu produzi cerca de quatrocentos textos. Então assim, era uma produção quase que diária, sabe? E tem uns muito ruins, mas tem uns que eu gosto muito assim, que me são muito caros, não é? E quando eu mudei para Belo Horizonte, eu conheci a Karine Bassi e ela… ela estava organizando a coleção Raízes, não é? E aí ela me chamou para publicar. E eu falei “Karine, não tem nada…”. E ela “Não, são os seus textos…”. E é engraçado, porque os textos do Raízes, não é? O RaízesI e II, o volume I e II que eu participei, na real não são crónicas. São… É o que eu aprendi há um tempo atrás que o Caio Fernando Abreu chama de “metâmeros”, não é? Que são sementes, não é? Eu acho que aqueles textos meus que estão no Raízes são “metâmeros” de conto. Eu acho que era um primeiro ensaio de ficção, sabe? E aí, com isso eu falei “Ah então, a gente publicou” então… Aí eu comecei a ser chamada para os eventos, para os saraus, para ir na escola… Aí, isso vai-te legitimando enquanto escritora. E eu falei “Então, será que sou?”, mas ainda muito desconfortável, sabe? Porque eu comecei a acompanhar os perfis, não é? De escritores, essas coisas na internet… E eu via muito esse discurso que hoje eu acho que é um discurso muito cruel, “Que tem muita gente escrevendo, que tem mais escritor do que leitor…”. E às vezes eu ouvia umas discussões que eu saia de fininho, eu falava “Gente, eu não quero entrar nesse meio então, não”. Hoje, eu já… Hoje, eu acho que, tantos anos depois, cerca de seis anos depois eh, eu acho que a gente já tem sinais muito interessantes… Susan, você pode interromper, porque eu começo e vou toda a vida… Mas, por exemplo, Annie Ernaux ganhar o Nobel com não ficção, isso me deu um alento tão grande, porque eu estava conversando hoje com o José Faleiro sobre isso e eu falei “Velho…”. Hoje de manhã eu comecei a ler um livro do Murakami, o japonês, que ele escreveu sobre corrida, e aí eu falei “Velho, que negócio bom”. E aí você vê que não tem necessariamente que ser ficção para ser literatura e de qualidade, não é? Óbvio que assim, não que eu ache que eu faça… Eu acho que sou uma aprendiz ainda, não é? Mas, como eu sou cronista e a crónica tem esse lugar sempre relegado… Esse ano de 2022 inclusive, eu li o livro do António Maria, um cronista ali da época de Fernando… como é que chamam, que era amigo da Clarice?... Fernando Sabino, não é? Aquela galera toda ali do Leblon, de Copacabana… E para mim, é o melhor cronista que eu já li. E assim, eu não sei se você já leu esse livro dele, O vento vadio, que é toda a publicação, o cara escreveu durante décadas e nunca publicou. E mais do que isso, ele achava que ele não sabia escrever. E as crónicas dele são literatura de altíssimo nível, não é? Então assim, eu sempre fiquei nesse lugar de “Sou escritora? Não sou escritora? Sou uma dona de casa que escreve? Sou uma cronista de Facebook?” Porque é isso, a escrita ela é colocada nesse lugar mítico e nesse altar, como diz o Sérgio Vaz, e só pessoas muito iluminadas podem escrever, não é? E esse lugar não era um lugar historicamente reservado para mim. Então assim… Ainda tenho dificuldades assim, não é? Já estou indo para o terceiro livrinho, mas fica… Um ranço tipo assim “Você tem que escrever um romance, porque se você não escrever um romance, você não é legitimada enquanto escritora”, não é? As editoras inclusive não querem saber de crónica porque crónica é difícil de pegar, enfim. Então, assim, é um lugar… É um lugar ainda… Apesar de eu achar que vendo razoavelmente bem os meus livrinhos… Os livrinhos, eles saem... Normalmente as pessoas leem, gostam e compram para dar de presente. E eu tenho retornos muito interessantes assim, eu recebo cartas, eu recebo muitas mensagens… Mas eu ainda, sabe? Ainda falta assim uma legitimação, sabe? Não sei…
2. E essa legitimação viria com um romance, com uma obra de ficção… Porque isso tem um pouco do elitismo, não é? Falar do quotidiano, falar da vida, falar do que… Das experiências, não é? Isso tem um… Digamos uma… Um lugar, vou dizer isso assim, menor, não é? Eu lembro que teve um crítico literário, eu não vou lembrar aqui o nome, também não precisa porque eu achei tão absurdo o que ele disse, não é? Que Maria Carolina de Jesus não era uma escritora porque ela escreveu diário, porque… Enfim, então assim, essa ideia da literatura como tendo que ser exibida, não é? Não como um exercício quotidiano de fala e de escuta, mas como uma coisa para ser debatida em academias, etc., não é? Isso acho que prejudicou muito inclusive esse nascedouro de escritores, porque essa legitimidade, veja, tu me disseste “Eu sou uma escritora lida, as pessoas gostam de me ler, mas eu não me sinto legitimada mesmo assim”. Qual é a legitimidade, a legitimidade é essa coisa da academia, do mercado editorial, etc., não é? Isso é duríssimo, assim, eu vejo, não é? Eu acho que é por isso que também o nosso projeto tem esse objetivo de alcançar escritoras que resolveram escrever para sobreviver, não no sentido da venda porque tu acabaste de dizer “Bom eu sobrevivo, mas eu preciso de mais para poder garantir a minha existência”, não é? Então não é disso que se trata, mas se trata de… Ser escritora no sentido de estar escrevendo, no sentido… Não mercadológico, não é? Que eu acho que tem a ver com essa conversa tua com o teu filho e também com a receção que tu tens das pessoas, não é? Porque a tua escrita é maravilhosa e ela… Ela tem uma sinceridade, uma fluência que é assim… É magnífica assim, é muito bom, não é? Em relação à… À questão de escrever, quer dizer, fora Para diminuir a febre de sentir, que são narrativas eu acho que te envolvem mais, no sentido das tuas experiências com tua mãe, e família, etc. de uma forma maior. O teu segundo livro d’O menino é um livro… Ele tem uma delicadeza, ele tem um desprendimento de falar de uma coisa tão… Complexa, tão difícil mesmo, não é? Que é a relação mãe e filho, mãe solo com um filho que vai aos poucos se reconhecendo no mundo, se identificando como negro, que vai tendo as tuas influências, e ao mesmo tempo escolhendo as referências dele que são coisas que também te ensinam, não é? Então isso a gente sente muito ao ler o teu livro d’O menino. E o que é que… Como é que escrever sobre a relação, não é?... Resultou, o que resultou para vocês dessa relação, quer dizer, tratada de forma literária? Foi uma forma assim de “Bom vamos lapidar um pouquinho melhor essas coisas aqui”? Foi por esse motivo que tu começaste a escrever sobre isso? Para tentar elaborar um pouco melhor, para tentar responder a ele, para tentar mostrar para as pessoas de alguma forma como é que vocês dois estavam lidando…? Enfim, que motivações, que resultados…?
- Eu acho que é assim, quando você pega o livro d’O menino você pega o primeiro texto, não é? Que eu começo cronologicamente, desde o dia em que eu decidi ser mãe até ao dia que ele saiu de casa, não é? Em 2000… Na pandemia, eu acho que foi 2021, 2020, não sei… Para trabalhar, não é? Então foi o segundo parto e eu chorei horrores, porque não era para qualquer trabalho, era para um trabalho de peão, não é? E eu tinha sonhado ele na universidade… Então foi muito doloroso… Mais do que isso, quarenta anos depois, ele tem a carteira dele assinada como servente, sendo que quarenta anos atrás eu tive a minha carteira assinada como servente e tudo o que eu investi, sabe? De levar para show de Racionais, para teatro, para museu, para…Sabe? E aí de repente, quarenta anos depois eu vejo o meu filho aos dezanove anos tem a carteira assinada como servente? E eu falei “Meu Deus, mas não mudou nada? Quarenta anos, enfim…” Mas foi interessantíssimo, porque ele ressignificou e ele achou ali uma área de formação profissional que ele gostou, foi fazer curso, foi-se a especializar na área… Está seguindo o caminho dele, não é? Foi… Na verdade, esses textos, eles já estavam escritos, não é? … E foram escritos nessa leva aí de 2014 a 2018, sem pretensão nenhuma de publicação, era para respirar melhor mesmo, “para diminuir a febre de sentir”. E aí quando a Karine que adora colocar livro no mundo, não é? Organizou a outra coleção, eu acho que era a segunda ou a terceira, não sei? Do Mulherio das Letras… Aí ela me chamou e eu falei “Ah então eu vou organizar…” E aí eu escolhi, falei “Vou…vou escolher só sobre maternidade então”, não é? E tinha… O último texto “Em busca dos jardins dos nossos filhos”, eu acho que… Quando eu comparo ele com os primeiros, eu acho que tem uma maturidade na minha escrita assim, sabe? Eu acho que eu amadureci, que eu melhorei, porque a gente aprende a escrever escrevendo mesmo, não é? Então assim, não foi um livrinho que eu tive a intenção, não é? Eram textos que já estavam prontos e que eu, não é? Fui ali, escolhi, normalmente eu escolho a partir dos que tiveram mais curtidas, dos que tiveram mais interação, não é? Que eu acho que é um termómetro assim, que pode sair mais ou… E aí, esse é o critério assim para eu escolher os textos. Então foi mais nesse sentido assim de… Ter uma unidade, então são textos que falam da dificuldade do cabelo black, a questão dele, da relação dele com cabelo, do enquadro policial, da entrevista n’O menor aprendiz, da gente tentando conseguir vaga na escola pública… Então assim, dos nossos momentos de ordem e de descuido, dos momentos difíceis quando ele, ele reproduz machismo estrutural que está aí no mundo, na sociedade, não é? E aí eu sou obrigada a fazer esse papel de levar ele a refletir… Então assim, são textos que me são muito caros assim, mas que foram escritos despretensiosamente, era para respirar melhor mesmo… Agora, o resultado dele me deixa muito feliz, porque assim, ele virou material didático, não é? De professoras que discutem com os seus alunos sobre… Porque é um momento muito específico que é ali do jovem adulto terminando Ensino Médio, as angústias de começar no mercado de trabalho… Então é um material que dá para trabalhar muito com os meninos no Ensino Médio, não é? E… Muitos professores assim… Tem uma professora agora do “Pedro II” que está trabalhando os géneros literários com os alunos e aí ela organizou um projeto para os meninos me escreverem carta solicitando a compra do livro d’O menino. Ela até queria comprar o Para diminuir a febre de sentir, eu falei “Olha, eu acho que para trabalhar com os meninos o d’O menino vai dialogar mais com eles porque fala dessas questões, não é?” Então, não foi uma… Não foi intencional assim foram… Esse apanhado, ou seja, eu tenho um material inédito ainda muito grande…
3. Então Dalva, uma última pergunta para te provocar, não é? Tu falaste aí sobre muita coisa que tu tens guardada ainda e também sobre um projeto futuro, não é? O que é que seria esse projeto futuro? Tem a ver com essas coisas que estão guardadas ainda, que tu pretendes trabalhar sobre elas ou é uma coisa nova, totalmente nova?
- Então, a Karine de novo está a organizando mais uma coleção, não é? E aí eu vou participar de novo, ontem a revisora até me mandou o material que ela fez a revisão… Dessa vez eu vou… Vão ser textos só sobre livros que eu li e que me impactaram e filmes e peças assim… Então já está mais ou menos organizado assim, eu acredito que até ao final do primeiro semestre de 2023 deve estar pronto. Mas eu tenho um projeto de romance que me é muito caro, eu estou apanhando muito, porque é ficção, é uma coisa… Eu acho muito difícil, não é? Eu tenho discussões imensas com o Faleiro, não é? Que é meu namorado e que é um escritor, e que está no momento aí sendo reconhecido e é um autodidata que estudou muito, então assim… E ele é muito conservador nessa questão do romance, não é? Porque também a formação dele é a partir do que ele teve disponível para ler. Então a gente discute muito sobre isso e a gente tem discussões terríveis assim, porque… Como eu te falei, essa minha escrita é muito intuitiva. Mas eu aprendi, ele me convenceu que a gente precisa de técnica, não é? E que se um marceneiro não souber usar um martelo, não vai conseguir fazer uma boa… Mesa. E que se o escritor, se tem técnicas, não é? Então ele já me convenceu disso, não é? Então eu fico… Eu já escrevi e já reescrevi várias vezes, não é? É um livro, a princípio o que me inspirou foi uma empregada da Clarice, que é a Aninha, que queria ler o livro da Clarice e a Clarice não quis emprestar, não é? Então assim, a Clarice tem várias crónicas, não é? Sobre as empregadas, mas a Aninha me capturou de uma forma assim… Eu acho que na real Aninha sou eu, sabe? E queria ler o livro da patroa e a patroa não quis emprestar. Então eu fiquei muito curiosa, assim, quem é que é essa empregada, essa arrumadeira, mineira, calada? Feia, segundo a Clarice, que não tem os dentes da frente, mas que queria ler um livro da patroa e que… Não gostava de água com açúcar, que gostava de coisas que dava trabalho para a cabeça, então eu fui aos poucos…Tem dois anos que eu estou, sabe? Capturada por essa história, assim dormindo e acordando com Aninha e com Jandira, não é? Jandira é a cozinheira que trabalha ali na mesma época que Aninha. Então eu estou construindo a biografia de Aninha, sabe? A minha Aninha vem do vale do [?]. A minha Aninha gosta de coisas complicadas que dão trabalho para a cabeça porque ela leu o Guimarães Rosa, sabe? E a minha Aninha também quer escrever, sabe?
4. É uma Aninha de outro tempo também, não é Dalva? Um tempo em que a empregada já conhece que tem direitos e conhece a história da sua exclusão, não é? É isso…
- E aí eu estou pelejando com esse romance assim, sabe? E aí, às vezes eu jogo fora, eu vou lá, eu pego de novo, tentando reescrever e eu acho que ficção… É assim, eu acho que eu não sou uma ficcionista, eu acho que eu não sou uma romancista. Esse romance é um desafio imenso para mim, eu falo que todo o dia eu desisto dele e todo o dia eu recomeço, porque eu falo que se não conseguir vou ficar muito frustrada. Mas eu tenho outros projetos assim, eu tenho um projeto de cartas para a Virginia Woolf, sabe? Dialogando com ela a respeito de Um teto todo seu e é um projeto que também me é muito caro. E eu tenho um outro projeto que chama “Surtadas”, que são cinco histórias de cinco mulheres supostamente “surtadas”. E eu narro porque é que elas chegaram a esse ponto de serem chamadas “surtadas”, não é? Que tem a ver com a sobrecarga e… E são assim, são esses três projetos que eu tenho que me são muito caros e eu espero… Dar conta deles, não é? Porque eu já fico fazendo conta, não é? Quanto tempo ainda que eu tenho de vida e se eu vou dar conta de desenvolver esses projetos, se não vou, não é? A minha briga com o Faleiro é essa, eu falo “Velho, eu não posso esperar eu dominar todas as técnicas para eu escrever, eu vou ter que escrever com os recursos linguísticos que eu tenho”. Como diz a Paulina Chiziane, sabe? “Se der para fazer só uma cabana de palha, eu vou fazer…”. Porque se eu for… Eu não tenho mais esse tempo, sabe? Todo assim para ir buscar e…Vou fazer do jeito que eu der conta e enfim… São esses os projetos que eu tenho para além desse livrinho que vai sair com a Karine.
5. Vamos esperar o livrinho e os outros projetos também Dalva. Gosto muito da tua escrita, gosto muito de ti como pessoa. Foi um prazerenorme falar contigo e certamente vamos conversar outras vezes, tá? Um grande abraço, muitas felicidades e sucesso para ti e enfim para a tua carreira, independente para onde ela vá, como ela vá, não é? Que tudo dê certo. Um beijo.
- Obrigada Susan, obrigada viu, obrigada pelo convite.